A educação científica intercultural enfrenta desafios frente à maneira como se dá o processo de relação entre sistemas dispares de conhecimentos, às vezes apagados pela relação desigual que se apresenta na sala de aula e, especificamente, nos discursos docentes. Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa qualitativo-interpretativa voltada para a caracterização de um perfil culturalmente sensível para o ensino intercultural de biologia com quatro (4) professoras de ciências em exercício de duas escolas públicas rurais do município de Coração de Maria e Distrito de Retiro, Bahia, Brasil. Por meio de um instrumento de situações-problema, discussões em grupos focais e bate-papos, foram coletadas respostas das professoras e se elas interpretaram e analisaram os significados das suas posições sobre as diferentes questões. A partir da categorização e análise dessas respostas, foi possível caracterizar um perfil docente ligado à diversidade cultural, com a identificação dos compromissos categorizados em três dimensões: epistemológica, ontológica e ética. Espera-se que os resultados da presente pesquisa possam oferecer uma perspectiva de como os professores expressam seus modos de assumir o mundo, suas relações com os saberes e como isso influencia diretamente nas suas práticas pedagógicas, nos seus processos de ensinar ciências em contextos culturalmente diversos.